sábado, 5 de junho de 2010

Vamos comer um mamute na minha caverna?

Maio foi um mês e tanto para a ciência. Em uma pesquisa publicada na Science (resumo), liderada por Richard Green, foi demonstrado que existem sequencias do genoma Neandertal no genoma humano. Qualquer ancestral humano cujo grupo tenha se desenvolvido fora da África tem um pouco de Neandertal em si (entre 1 e 4 % do seu genoma). Pois é... Se seus antepassados são caucasianos, sua avó sapiens andou saindo com neandertais e tiveram uma descendência híbrida (você). Isso explica porque algumas mulheres tem atração por trogloditas: genética pura. Bom, creio que isso acaba de vez com essa coisa de “metrossexual”.
Quando esse parecia ser “o artigo do mês”, a equipe de Craig Venter publicou na Sciencexpress (leiam o resumo do artigo) a "criação da célula sintética". A célula não é artificial; o material genético é que foi feito em laboratório e depois colocado numa célula de Mycoplasma capricolum sem DNA. Os pesquisadores incluíram no genoma uma série de "marcas d'água" moleculares, usadas para
diferenciar o DNA sintético do material genético original. Tem coisa mais Blade Runner do que isso?
Venter disse que busca desenvolver uma micro-organismos "sintéticos", programados para realizar funções específicas: absorver CO2 do ar, produzir biocombustíveis, “digerir manchas de petróleo no mar” (hum, que ideia conveniente...)
Toda sorte de bobagem já foi falada. Alguns cogitaram a possibilidade de células sintéticas serem usadas como armas biológicas (link).
É muito chato quando procuram controvérsia onde não há: é claro que serão usadas como arma! Se existe algo que a História nos ensinou é que tudo pode e será usado para matar outro ser humano. Pedras, fogo, pólvora, fissão nuclear, morcegos, golfinhos... Não acredita? Veja esse link.
Pior ainda é insinuarem que essas armas biológicas poderão ser fabricadas por terroristas. Como se uns membros da Al-Qaeda, enfiados numa caverna e munidos de placas de Petri, pudessem fazer armas biológicas. São os países com indústria bélica desenvolvida –EUA, Rússia e China– que farão isso (e depois venderão à Al-Qaeda).
Bom, se você é como eu e não tem perspectiva de publicar na Science, de fazer células artificiais ou descobrir genomas pré-históricos, aqui vai uma dica: como fazer cheetos artificiais.


Nota: o mundo está cada vez menos easy: morreu Dennis Hopper (1936-2010)